
A hotelaria de luxo clássica de Paris não para de se reinventar, com as reaberturas do Ritz, na Place Vendôme, em 2016; do Hôtel de Crillon, na Place de la Concorde, em 2017, e do Hôtel Lutetia, em 2018, na Rive Gauche. E desde o início desta década ares asiáticos estão trazendo um bem-vindo frescor às muitas luxuosas opções de hospedagem na capital francesa. O vento do Oriente começou ao final de 2010, com a inauguração do Shangri-La, na Avenue d’Iéna, pertinho do Trocadéro e com belas vistas da Torre Eiffel. No ano seguinte, o Mandarin Oriental Paris abriu as portas na chique Rue Saint-Honoré. Em 2014 foi inaugurado o Peninsula, na Avenue Kléber, a poucos passos do Arco do Triunfo. O trio asiático corresponde a todas as altas expectativas em relação a um hotel de luxo em Paris.

Influência asiática nos novos hotéis de luxo em Paris
O Shangri-La instalou-se em um magnífico palácio do século XIX que pertenceu ao príncipe Roland Bonaparte (1858-1924), sobrinho-neto de Napoleão. Depois que você passa pelos portões de ferro da entrada o piso de diferentes tipos de mármore seduz o olhar enquanto o leva ao check-in. São 101 quartos, incluindo 36 suítes, decorados por Pierre-Yves Rochon. O spa, com uma piscina coberta, fica na área da antiga cavalariça.
O restaurante principal do Shangri-la é o premiado L’Abeille, com duas estrelas Michelin, comandado pelo chef francês Christophe Moret. Com uma estrela Michelin, uma filial do Shang Palace, a primeira na Europa, serve cozinha cantonesa sob o comando do chef Samuel Lee. O terceiro restaurante, La Bauhinia, fica em um belo salão redondo com móveis em madeira escura, sofás vermelhos, vasos de porcelana, orquídeas e uma cúpula em vidro de onde pende um candelabro em cristal de Murano. Não tem estrelas, mas sua deliciosa cozinha de delicado tempero tailandês é inesquecível.

Entre as muitas butiques grifadas da Rue Saint-Honoré encontra-se o Mandarin Oriental. Com fachada art déco, a construção da década de 1930 tem hoje 99 quartos e 39 suítes, todos decorados por Sybille de Margerie. A Place Vêndome está pertinho, assim como as Tuileries e o Louvre. Um pátio interno com jardim surpreende quem chega ao lobby pela primeira vez. Ali ficam parte das mesas do criativo e delicioso restaurante Camélia e do Bar 8, ótimas opções para uma parada durante as compras. Duas estrelas Michelin premiam o Sur Mesure, o salão todo em branco do chef Thierry Marx, que também supervisiona a cozinha do Camélia.
O Peninsula por enquanto é o primeiro e único do grupo na Europa. Fica em um palácio do final do século XIX repleto de histórias. No início do século passado funcionou no endereço o Hotel Majestic, onde George Gershwin compôs em 1928 “Um americano em Paris”. O melhor do passado é combinado com tecnologia e design atuais e o resultado é um palácio moderno. A restauração usou materiais do século passado, e a decoração apresenta obras de arte de artistas plásticos contemporâneos. É o maior hotel do trio asiático, com 200 espaçosos quartos e suítes em tons de cinza e bege.
No terraço do sexto andar, L’Oiseau Blanc, uma homenagem ao nome do avião no qual Charles Nungesser e François Coli tentaram (sem sucesso) a primeira travessia do Atlântico Norte, tem cozinha francesa, vista para a cidade (Torre Eiffel incluída) e uma réplica da aeronave que o batiza. Lili é o restaurante de cozinha cantonesa. No térreo, La Terrasse Kléber mantém o espírito dos cafés parisienses de lugar para ver e ser visto. Ao lado, Le Bar Kléber respira história: foi ali que Henry Kissinger negociou o acordo que pôs fim à Guerra do Vietnã, em 1973, quando o prédio sediava o Ministério das Relações Exteriores da França.
Outra relativamente recente adição à hotelaria de luxo em Paris nada tem de asiática. O hotel boutique La Réserve fica na Avenue Gabriel, em frente ao Grand Palais e perto da Avenue Montaigne e do Palais d’Elysée, a residência oficial do presidente da França, na Rue du Faubourg Saint-Honoré. São apenas 40 quartos bem iluminados, incluindo 26 suítes. A porta em vermelho escuro leva a um pequeno e aconchegante lobby, sem balcão de check-in, e ao restaurante Le Gabriel, comandado pelo chef bretão Jérôme Banctel e com duas estrelas Michelin. A escada em espiral é das mais impressionantes. Jacques Garcia assina a decoração clássica do prédio do século XIX com paredes cobertas por tecidos, e detalhes como colunas de ônix do Paquistão. Antiguidades e modernidades convivem bem em todas as áreas do hotel.
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