
Tulipas formam lindos caleidoscópios coloridos, Rembrandt e Van Gogh preenchem museus com pinceladas inesquecíveis, queijos gouda ganham deliciosos temperos diferentes e um cinturão de canais desenha uma paisagem única considerada patrimônio cultural pela Unesco. Amsterdã é uma das cidades mais interessantes da Europa. E cheia de novidades, inclusive nas atrações clássicas. Ao sul, os três principais museus estão renovados. Ao norte, uma área pouco explorada se torna ponto turístico com atrações culturais, restaurantes e hotéis. Entre um polo e outro, os dias longos de primavera e verão são os melhores para aproveitar a cidade holandesa.

Não importa quantas vezes já se esteve em Amsterdã, o passeio pode sempre começar pela Museumplein, a praça que reúne Rijksmuseum, Museu Van Gogh, Museu Stedelijk e ainda o lindo Concertgebouw, sede de uma orquestra centenária. Reinaugurado em 2013, o Rijksmuseum passou uma década em obras que custaram 375 milhões de euros e incluíram a restauração do acervo de oito mil peças de oito séculos de história flamenga.

Os arquitetos espanhóis Cruz y Ortiz criaram um impressionante átrio que inunda de luz a entrada do museu. Se o tempo for curto, dá para ir direto (re)ver a célebre “A ronda noturna” (“De Nachtwacht”), de Rembrandt. A obra-prima continua na mesma Galeria de Honra projetada especialmente para ela por Pierre Cuypers, que assina também o desenho neogótico original do museu, inaugurado em 1885. As pinturas mais conhecidas dos mestres flamengos, como Vermeer e Frans Hals, estão todas no mesmo andar de “A ronda noturna”. Reserve tempo para comprar algumas lembranças diferentes na loja do museu e fazer uma parada no novo café. A cerveja Heineken vem em garrafas pintadas especialmente para o Rijks, reproduzindo detalhes de quadros famosos da coleção. O museu tem ainda um novo restaurante gourmet de cozinha moderna holandesa, que prioriza produtos locais. É o Rijks, aberto em 2015.

O Museu Van Gogh, em frente ao Rijksmuseum, também esteve em reforma, ainda que menos extensa. Há uma nova entrada, com fachada envidraçada, inaugurada em setembro de 2015. Ao lado do Van Gogh fica o Museu Stedelijk, de arte moderna e contemporânea. Depois de oito anos de reforma, foi reaberto em 2012 com um anexo no polêmico formato de uma banheira.
A Museumplein fica ao sul do canal Singel, o sétimo e último grande canal (a partir do centro da cidade) do cinturão patrimônio cultural. As lojas de grife estão nos arredores, na P.C. Hoofstraat. Logo depois, na parte oeste (Oud West), encontra-se o Vondelpark, a maior área verde da cidade. Do lado oposto, a leste, fica a antiga fábrica da Heineken. A cervejaria tem um museu interativo, reinaugurado dentro da fábrica original em 2009.
A Heineken Experience é um programa divertido mesmo para quem não bebe cerveja. O museu existe desde o início do século XX na construção do século XIX onde a cervejaria, considerada um patrimônio local, funcionou até o final da década de 1980 (hoje a fábrica é fora da cidade). São quatro andares de artefatos históricos, memorabilia, fotos e vídeos, que apresentam a história da fabricação da cerveja, mostrando desde como ela é feita até a sua distribuição pelo mundo. Funcionários tiram dúvidas, contam curiosidades e deixam claro que a cor da Heineken é dourada e não amarela.
A duração do passeio depende do ritmo de cada um, mas em cerca de uma hora dá para conhecer toda a parte da fábrica aberta ao público, apreciar o design das primeiras garrafas, os cartazes publicitários antigos e as bolachas variadas com os diferentes logotipos da cervejaria, ver a sala com camisas de times de futebol europeus (a Heineken é um dos patrocinadores da Liga dos Campeões da Uefa) e ter uma boa ideia do processo de fabricação da cerveja. A fórmula da levedura, a mesma há mais de 130 anos, foi criada por um aluno do cientista francês Louis Pasteur. Um dos pontos altos da visita é o salão decorado com vitrais, onde ficam os gigantescos tonéis de cobre nos quais a cerveja foi feita por mais de um século. Antes de chegar ao “coração da cervejaria”, fotos antigas documentam o processo de fabricação.

Entre a Museumplein e o Centro fica o Jordaan, a oeste. O charmoso bairro é repleto de casas estreitas, hotéis, cafés, restaurantes, galerias de arte e lojas diferentes, incluindo estilistas locais. A casa de Anne Frank está na região, no Prinsengracht, um dos canais mais antigos da cidade.
Para as grandes marcas, siga pela Leidsestraat e a Spuistraat até a Dam, a principal praça do centro. Mas nesta área da cidade o melhor é desbravar as ruas menores margeando os canais e descobrir compras menos óbvias. Mesmo nas queijarias, que estão por toda a parte, é possível encontrar sabores inusitados, como gouda temperado com raiz-forte.
Até o Red Light District, no antigo centro medieval de Amsterdã, está com um jeito diferente. As moças continuam nas vitrines, a dez minutos do Palácio Real, mas em quantidade menor. Muitas das casas da luz vermelha viraram bons bares e restaurantes. Uma opção para um jantar informal ou um drinque no fim da tarde é o pub Mata Hari, no Oudezijds Achterburgwal, pertinho da Oude Kerk, igreja monumental do início do século XIV. O pub tem dois andares com decoração vintage. Nos dias menos frios, mesas de madeira ao ar livre ficam à beira do canal. A cozinha segue a linha gastropub, com um cardápio enxuto e saboroso.
Para uma refeição em ambiente mais moderno, experimente o restaurante 5&33 do Art’otel, inaugurado em 2014 em frente à Amsterdam Centraal, a principal estação de trem. O delicioso menu oferece carnes curadas, queijos e tapas variadas para dividir. Antes ou depois vale parar no animado bar e provar um drinque com prosecco ou gin & tonic, especialidades da casa.

Nos arredores da estação de trem central e ao norte dela Amsterdã se revela ainda mais novidadeira. Em uma área pouco explorada até alguns anos, Amsterdam Noord vê surgir novos museus, como o Eye Film Museum, hotéis, restaurantes. O caminho até o Eye já faz parte do programa. Um ferry boat gratuito (direção Buiksloterwegveer) sai de trás da Amsterdam Centraal em intervalos curtos e em poucos minutos cruza o Rio IJ (na realidade, mais lago do que rio). Uma curta caminhada leva à entrada do museu. Um dos pontos altos do Eye é o seu restaurante todo envidraçado, com vista para o IJ e a cidade. A luz do pôr do sol deixa Amsterdã ainda mais bonita.
Tulipamania
Se sua viagem a Amsterdã estiver marcada para o início da primavera, não deixe de ir ao Keukenhof. O fantástico jardim de tulipas, a cerca de uma hora do Centro, na cidade de Lisse. Em 2019, estará aberto de 21 de março a 19 de maio. Há excursões fechadas, mas também é possível chegar por conta própria de carro ou em um ônibus direto que sai do Aeroporto de Schiphol. As tulipas estão por toda a parte na primavera de Amsterdã. Mas é inesquecível a experiência de ver o caleidoscópio de cores formado pelos imensos canteiros do Keukenhof, com sete milhões de tulipas de 800 variedades diferentes.
Versão atualizada de texto publicado na QTravel Experiences. A edição digital da revista pode ser lida clicando aqui. Amsterdã está nas páginas 22-26.