
Faz zum zum e mel. Tem uma vida regrada em lugares tão diferentes quanto a Casa Branca em Washington e a Opéra em Paris. É responsável por polinizar cerca de um terço dos alimentos consumidos por seres humanos, segundo as Nações Unidas. E, desde o início da década, pode ser encontrada em atrações turísticas ou hospedada em luxuosos hotéis de Londres, Paris e Nova York, entre outras grandes cidades.
A população de abelhas está em declínio em parte do mundo, principalmente na Europa e na América do Norte. Colmeias urbanas em terraços de monumentos, lojas e hotéis de luxo não salvam o planeta, mas dão uma ajuda. Nelas as abelhas têm chance de sobreviver aos predadores para fazer seu eficiente trabalho de polinização. No caso da hotelaria, os apiários ajudam a reforçar a imagem de estabelecimentos que querem associar sua marca a conceitos de sustentabilidade. E as abelhas ainda produzem o mel servido aos hóspedes do café da manhã ao drinque no bar. Colmeias urbanas tendem a ser mais produtivas do que as de áreas rurais.
Com população de abelhas em declínio, apicultura urbana é adotada por hotéis 5 estrelas
Um dos primeiros hotéis do Reino Unido a dar atenção ao novo zumbido urbano e instalar suas próprias colmeias foi o histórico St. Ermin’s, agora parte da Autograph Collection (bandeira do grupo americano Marriott). São mais de 300 mil abelhas em seis colmeias em um terraço no Centro de Londres, perto do St. James Park. O hotel passou por uma reforma de 30 milhões de libras (cerca de R$ 142 milhões) na qual o apiário também foi contemplado e ganhou um “bee & bee hotel”, uma área de descanso para as abelhas. O Caxton Bar, cenário de encontro de espiões durante a Segunda Guerra e a Guerra Fria, hoje serve uma espécie de “honey martini”, batizado de Bowler Hat, drinque com gim, vermute seco e mel da casa.
Um dos primeiros hotéis do Reino Unido a dar atenção ao novo zumbido urbano e instalar suas próprias colmeias foi o histórico St. Ermin’s, agora parte da Autograph Collection (bandeira do grupo americano Marriott). São mais de 300 mil abelhas em seis colmeias em um terraço no Centro de Londres, perto do St. James Park. O hotel passou por uma reforma de 30 milhões de libras (cerca de R$ 142 milhões) na qual o apiário também foi contemplado e ganhou um “bee & bee hotel”, uma área de descanso para as abelhas. O Caxton Bar, cenário de encontro de espiões durante a Segunda Guerra e a Guerra Fria, hoje serve uma espécie de “honey martini”, batizado de Bowler Hat, drinque com gim, vermute seco e mel da casa.
Várias atrações turísticas de Londres, você nem desconfia, estão repletas de colmeias. De acordo com a BBC, em 2014 já existiam 3.500 apiários na Grande Londres. Na movimentada área de Piccadilly Circus, a loja Fortnum & Mason, fornecedora da Família Real, cria cerca de 50 mil abelhas em quatro colmeias no topo do prédio. Na primavera e no verão os insetos vão ao Hyde Park, ao Green Park e aos jardins do Palácio de Buckingham. O mel é vendido na loja, mas é preciso entrar em lista de espera.
Londres tem apiários também na Tate Modern, na Tate Britain e no Victoria & Albert Museum. Os três, e mais o da Fortnum & Mason, estão sob os cuidados de Steve Benbow, neto de apicultores. Ele se tornou especialista em colmeias urbanas e lançou um livro sobre o assunto, The Urban Beekeeper: a Year of Bees in the City (Random House, 2014).

O interesse de Benbow surgiu durante uma visita a Paris, uma das capitais europeias mais amigáveis para as abelhas, porque o uso de pesticidas é proibido nos jardins da cidade já faz tempo. Elas estão no topo da Opéra Garnier desde a década de 1980, e também no Grand Palais e entre as gárgulas da Notre-Dame. Até a loja da Louis Vuitton na Avenue des Champs-Elysées cria mais de 200 mil abelhas, que por ano produzem 75 quilos de mel, presenteados aos clientes da grife.

Um dos hotéis mais luxuosos da capital francesa, o Mandarin Oriental Paris, já surgiu com colmeias. Encravado entre as muitas butiques grifadas da Rue Saint-Honoré e perto da Place Vendôme, o MO Paris cria abelhas desde a sua inauguração, em 2011, e hoje tem em torno de 50 mil no terraço que fica atrás da fachada art déco da década de 1930. Com o Jardin des Tuilleries ali perto, elas produzem entre 20 e 30 quilos de mel por ano.
O miel maisoné é usado em pratos elaborados pelo chef Thierry Marx, com duas estrelas Michelin. No lindo balcão do Bar 8, complementa um drinque com chá de jasmim, gengibre e champanhe, o Maya, e outro com suco de limão, Cointreau e rum, chamado de Honey Kingston. Quem se senta ao ar livre no delicioso restaurante Camélia, no jardim interno do hotel, de vez em quando vê uma abelha ou outra por ali.
Este novo esforço de empresas e organizações para criar abelhas em seus terraços oferece uma solução urbana para o declínio da população dos mais eficazes polinizadores do mundo, causado por vários fatores, entre eles o uso de pesticidas e a degradação do meio ambiente. Já os críticos dizem que, na realidade, as colmeias urbanas apenas fazem com que as abelhas fiquem mais estressadas competindo por fontes escassas de comida nas grandes cidades, porque não há flores o suficiente.
Visitantes com apifobia não veem graça na novidade. Mas parece que as abelhas vão ficar por um tempo pelas cidades. Em 2010, Londres e Nova York revogaram leis que proibiam colmeias no centro urbano. A rede hoteleira InterContinental tem dois hotéis de luxo em Nova York (Times Square e Barclay) e colmeias em ambos.

Na Austrália, onde a população de abelhas ainda não registra declínio significativo, o Swissôtel Sydney se adiantou e foi o pioneiro. Instalado no Central Business District (Sydney CBD), uma das áreas mais movimentadas da cidade australiana, tem um apiário em seu terraço com quatro colmeias e 200 mil abelhas. O mel orgânico produzido no hotel inspira pratos e drinques do cardápio de seu restaurante, Just Pure Bistro. Os queijos da região, por exemplo, são servidos acompanhados de favos de mel colhidos no terraço. Durante a primavera e o verão, as abelhas vão até o Jardim Botânico e o Hyde Park da cidade, ambos nos arredores do hotel. No restante do ano elas se distraem com vasos de lavanda, alecrim e manjericão instalados perto das colmeias.

O Swissôtel faz parte do mesmo grupo dos hotéis Fairmont, o FRHI Hotels & Resorts, pioneiro na criação de abelhas e com colmeias em mais de 20 propriedades pelo mundo. No Fairmont Mayakoba, na Riviera Maya, no México, cinco mil abelhas produzem o mel que é usado em tratamentos no spa. Já no Fairmont Waterfront, em Vancouver, na Costa Oeste do Canadá, são mais de 500 mil abelhas. No bar, o mel mais uma vez é aproveitado em um drinque, aqui acompanhando o gim. Vida longa às abelhas!
Versão reduzida de texto publicado no Projeto #Colabora. O original pode ser lido aqui.