
Eiger, Mönch e Jungfrau. O ogro, o monge e a virgem (em tradução livre) formam um dos mais impressionantes maciços da Suíça. Conquistada apenas em 1938, a espetacular face norte do Eiger, onde a rocha parece lisa em quase metade de seus 3.970 metros de altitude, ainda hoje é um desafio para alpinistas. Mönch se destaca entre as duas montanhas com seus 4.107 metros de altitude. E Jungfrau, com 4.158 metros de altitude, ao lado da geleira Alestch, é um ímã para turistas e uma das atrações mais visitadas do país em todas as estações do ano.

A Jungfraujoch, a estação de trem mais alta da Europa, dá acesso a um incrível parque temático sempre coberto de neve. Chega-se a ela a partir da cidade de Interlaken. A paisagem das montanhas e do campo de gelo, o maior dos Alpes, já seria razão o suficiente para subir ao Topo da Europa (o nome do parque), mas no verão passado no Hemisfério Norte foi inaugurada uma irresistível atração: a mais alta loja de chocolate do mundo.

A jornada Jungfrau acima começa na pequena e agradável cidade de Interlaken. A viagem de duas horas rumo à loja de chocolate mais alta do mundo, no Top of Europe (com nome em inglês mesmo), a 3.454 metros de altitude, envolve trocas de trem (entre composições urbanas e turísticas da Jungfraubahn), queda de temperatura e paisagens incríveis. Cercada de rochas, gelo e neve, a filial da Lindt & Sprüngli foi aberta com o nome de Swiss Chocolate Heaven. Para marcar a data, a grife convidou nada menos do que o tenista Roger Federer, outra instituição suíça e embaixador da marca, para um jogo de tênis em uma quadra instalada na geleira Aletsch, Patrimônio Mundial pela Unesco. E para enfrentar Federer, foi escalada a americana Lindsey Vonn, tetracampeã mundial de esqui alpino. Na belíssima paisagem do campo de gelo, ao ar livre, a partida de tênis informal foi bem divertida.

Na Jungfrau, a Lindt fica abrigada dentro do complexo do Top of Europe. Ao lado, uma minifábrica de chocolate mostra as etapas de fabricação do produto. Para quem não quer só chocolate, o Top of Europe inaugurou também no ano passado um amplo (e bom) restaurante, o Glacier, com uma fachada envidraçada que dá vista para a geleira Aletsch. Entre as outras atrações no Top of Europe, uma das mais interessantes é o Palácio de Gelo. Tem as indefectíveis esculturas em forma de cristais e pinguins, mas também algumas surpresas, como um clássico Sherlock Holmes. Mas o ponto alto e de tirar o fôlego (em ambos os casos, literalmente) da visita é o observatório Sphinx, a 3.571 metros de altitude, cercado de deques de observação ao ar livre — mas há também áreas ao abrigo das intempéries.

No caminho até o topo, a paisagem é variada. O passeio tem início na estação de Interlaken Ost. Há dois percursos possíveis, e um deles toma o rumo de Lauterbrunnen e Kleine Scheidegg, dois dos muitos simpáticos vilarejos alpinos do percurso. Avistam-se os lagos Thun e Brienz que cercam Interlaken. No verão, há quedas d’água formadas pelo degelo das montanhas. O trem sobe cada vez mais, passa por dentro das montanhas Eiger e Mönch, e a temperatura cai. Já perto da Jungfraujoch, há uma parada no túnel dentro do Eiger. Dá tempo de desembarcar do trem e aproveitar a vista em imensas janelas panorâmicas.

Com pouco mais de cinco mil habitantes, Interlaken tem ótima infraestrutura turística para servir de base de exploração para as montanhas. Jungfrau é onipresente, e pode ser vista de quase toda a cidade, que é repleta de parques e esculturas contemporâneas ao ar livre.

Há várias opções de hotéis e restaurantes. Os dois hotéis mais chiques e famosos são os clássicos Victoria-Jungfrau e Beau Rivage. Mas há alternativas em diferentes faixas de preços, inclusive o Youth Hostel, moderno e elogiado, quase ao lado da estação de Interlaken Ost. Com mais de 200 quartos, o sesquicentenário Victoria-Jungfrau já hospedou o escritor americano Mark Twain e Dom Pedro II, serviu como quartel na Segunda Guerra Mundial, e continua um charme. O restaurante com vista para Jungfrau vale a visita, assim como o bar.
No verão, é possível subir à noite ao Harder Kulm, a 1.322 metros de altitude. Um funicular leva, em apenas dez minutos, de Interlaken à montanha, que ano passado abriu à noite pela primeira vez. Há um restaurante no local. Em julho e agosto, o sol só se põe lá pelas 21h, e no alto do Harder Kulm há boas vistas para o maciço formado por Eiger, Mönch e Jungfrau e também para os dois lagos que cercam Interlaken. A visita noturna é somente no alto verão, mas durante o dia o passeio pode ser feito de meados de abril até o fim do mês de outubro.

Como chegar
Trem: A melhor maneira de circular dentro da Suíça é de trem. O Swiss Pass dá direito a viagens de trem, ônibus e barco por períodos de quatro dias a um mês, a partir de 272 francos suíços, e dá desconto de 50% em bilhetes de teleféricos e trens de montanha.
Passeios
Jungfraujoch: O bilhete de trem para o Top of Europe custa 197,60 francos suíços. Desconto de 50% com o Swiss Pass.
Harder Kulm: Ida e volta no plano inclinado custa a partir de 28 francos suíços. Desconto de 50% com Swiss Pass.
Onde ficar
Victoria-Jungfrau: Com cinco restaurantes e spa. Diárias a 350 francos suíços. Höheweg 41.
Grand Hotel Beau Rivage: O hotel de 86 quartos pertence a rede Linder. Diárias a partir de 223 francos suíços. Höheweg 211.
Interlaken Youth Hostel: Cama em dormitório para seis pessoas a 37 francos suíços. Untere Bönigstrasse 3a.
(Versão atualizada de texto originalmente publicado na revista Boa Viagem do jornal O Globo.)