Irmão gêmeo do gigante Oasis of the Seas, o Allure of the Seas nasceu com alguns centímetros a mais e alguns quilos a menos. O transatlântico da Royal Caribbean foi batizado há pouco mais de quatro anos pela princesa Fiona, mulher de Shrek e herdeira do Reino Tão Tão Distante. Em 2013, ganhou da “Travel Weekly” o prêmio de melhor navio de cruzeiro. Ano passado, foi escolhida a melhor embarcação pelos leitores da mesma revista. E, este ano, está estreando em cruzeiros no Mar Mediterrâneo, com saídas de Civitavecchia (perto de Roma) e Barcelona.
O gigantismo é o mesmo do gêmeo mais velho: 20 andares, 2.700 cabines e capacidade para 5.400 passageiros. O transatlântico é dividido em “bairros”, organizados de um jeito que faz com que você nem note a quantidade de hóspedes; há vários restaurantes diferentes e as cabines de luxo têm serviço de concierge. Não lembra em nada os navios que costumam circular no litoral brasileiro .
Um restaurante para cada jantar
O que torna o Allure of the Seas – e o Oasis – tão tão distante de outros navios de cruzeiros é que ele é “escavado” no meio de seus 20 andares (16 abertos aos passageiros), com dois pátios internos ao ar livre: o aprazível Central Park e o animado Boardwalk, além do convés das piscinas e da área esportiva, claro. A geografia ajuda a dividir os passageiros, e você se esquece que é apenas mais um em meio a mais de cinco mil. A maioria das cabines tem varanda com vista, seja para o mar ou para essas áreas internas abertas.

No Central Park, no convés 8, com 12 mil plantas de verdade, incluindo árvores, há esculturas, uma loja de acessórios e a maioria dos restaurantes de especialidades. É preciso fazer reserva para alguns restaurantes, com uma taxa extra, além das bebidas. O japonês Izumi Hibachi & Sushi, outro restaurante de especialidade, fica no deque 4. Se você estiver hospedado em uma das suítes mais bacanas, o concierge se encarrega de reservar todos os seus jantares, cada noite em um lugar diferente. Cada um desses restaurantes tem capacidade para, no máximo, cento e poucas pessoas. Além dos restaurantes com reserva, há um imenso bufê self service e o ainda maior restaurante principal, dividido em três áreas.
As suítes luxuosas do Allure são espetaculares, cada uma de jeito diferente, algumas com hidromassagem na varanda. O destaque vai para as 28 em estilo loft, com dois andares envidraçados de cima a baixo. A Sky Loft, por exemplo, tem 67 metros quadrados internos, além de uma varanda com outros 40 metros quadrados e vista panorâmica para a área de lazer, e o mar, claro. A Royal Suite, com 118 metros quadrados, mais a varanda de 31 metros quadrados, tem uma piano na sala. Outras seis ficam de frente para o Aqua Theater, com vista privilegiada para o mar e o anfiteatro. As cabines comuns com varanda também são bem resolvidas e confortáveis, com decoração sóbria, deque para iPod e muitas tomadas. Das 2.700, 1.946 têm varanda, seja com vista para o mar ou para os pátios internos do Central Park e da Boardwalk. O Central Park é bem tranquilo. Já no Boardwalk, quem está na varanda convive com um pouco de barulho, principalmente à noite.
No convés 6, o Boardwalk é mais descontraído que o Central Park. O espírito é de um píer californiano dos anos 1950, com cartazes de alumínio, carrossel, loja de doces (muitos vintage), cachorro-quente, hambúrguer, sorvete e um restaurante mexicano.
Um café com Fiona, um drinque ao ritmo das marés
Na extremidade do Boardwalk, na popa do Allure of the Seas, fica o Aqua Theater, o anfiteatro com capacidade para 735 espectadores que tem espetáculos inspirados no Cirque du Soleil. Os clavadistas mergulham numa piscina que a toda hora muda de profundidade, e são famosos desde o Oasis. Ao lado, fica a parede de escaladas ao ar livre, um clássico da Royal Caribbean. A Princesa Fiona, madrinha do Allure, Shrek e seus amigos; os bichos loucos de “Madagascar”, e Po, o urso de “Kung-fu Panda” podem aparecer aqui e ali.
As crianças se divertem com os personagens da Dreamworks (os adultos ainda mais), e podem tomar café da manhã com eles. Os filmes do estúdio são exibidos em um cinema 3D, e há show de patinação no gelo. Para adultos, assim como o Oasis, o Allure tem versões reduzidas de espetáculos premiados da Broadway entre as suas atrações, como “Chicago” e “Mamma Mia”. Teatro, rinque de patinação e cassino estão no andar abaixo da Promenade, uma espécie de “rua” interna, característica dos navios mais novos da Royal Caribbean. A diversão noturna conta ainda com discotecas e bares variados espalhados pelo navio. Para se recuperar no dia seguinte, no Vitality Spa há massagens relaxantes no cardápio, mas a ênfase é em tratamentos estéticos, como clareamento de dentes e aplicações de botox.
Na Promenade, decorada com esculturas, como árvores de bronze com flores e pássaros de cristais Swarovski, e uma réplica de um carro Mercedes-Benz de 1936, há café 24 horas para lanches rápidos, pizzaria, pub e lojas (tax free) de bebidas, cosméticos, perfumes e roupas e acessórios. E um bar que às vezes está lá, às vezes não. Instalado em um elevador panorâmico, o Rising Tide Bar sobe e desce como as marés, por três andares, entre a Promenade e o Central Park.
Nas áreas livres nos deques superiores, tudo é muito parecido com o Oasis: tirolesa (ou zipline) passando 25 metros acima do pátio do Boardwalk, simuladores de surfe e bodyboarding, quadra de basquete e minigolfe, além de jacuzzis e piscinas. Nenhuma é grandona, como nos navios tradicionais. Uma parece uma prainha, com espreguiçadeiras dentro d’água. A das crianças é decorada com esculturas coloridas, como um parque aquático.
O Allure e o Oasis partem de Port Everglades, em Fort Lauderdale, na Flórida, de um terminal portuário construído especialmente para eles (o que faz com que o embarque e o desembarque sejam rápidos e organizados). Devido ao tamanho, são muito estáveis. Neste verão no Hemisfério Norte, enquanto o Allure estiver na Europa, o Oasis continua fazendo roteiros pelas Bahamas e pelo Caribe.
(Versão atualizada de texto originalmente publicado na revista Boa Viagem, do jornal O Globo.)